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Zezé Motta

Uma experiência para nunca mais esquecer

A atriz relata o ataque do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) aos atores da peça Roda Viva, em 1968:

“Eu tinha 22 anos. Foi uma situação que virou a nossa vida de ponta-cabeça. A gente não tinha mais sossego. Como eles saíram quebrando tudo com cassetetes e arrombando portas e empurrando coisas, eu me lembro que passei muito tempo sem poder ouvir barulho de vidro, era um trauma.

Se eu passasse por algum lugar e ouvisse o barulho de um copo quebrando, achava que alguma coisa grave estava por acontecer. Pesadelos, enfim, uma coisa horrível. Um trauma horroroso. E entrar em cena… Diariamente, depois do ocorrido, achávamos que a qualquer momento eles iam voltar.

A gente representava de forma muito tensa porque estudantes universitários se apresentaram como voluntários para nos proteger. Então, eles ficavam espalhados na platéia e nas coxias, também armados de cassetetes, parece. Quando aconteceu o ataque, foram encontrados cassetetes da Aeronáutica. Eu me lembro que os caras que invadiram o meu camarim, por exemplo, tinham soco inglês.

Corri para o meu camarim quando vi que tinha alguma coisa errada, mas percebi que não ia conseguir chegar a tempo. Então, entrei no primeiro que estava aberto, que era do Rodrigo Santiago. Entrei e falei ´eles estão vindo aí` e ele falava ´eles quem?` Eu não sabia dizer.

Rodrigo, eu e os convidados dele, que tinham ido lá para cumprimentá-lo, empurrávamos a porta. Mas eles nos venceram com um extintor de incêndio. Foi horrível. Eles abriram o extintor de incêndio por uma frestinha que a gente não conseguia fechar e aí nós ficamos todos tontos. Fomos saindo e levando cassetada.”

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