O propósito deste texto é tentar contribuir para o entendimento sobre a inteligência artificial, na tentativa de enxergar com mais clareza os impactos que a IA representará para a economia, os negócios e o futuro do ser humano.
Entre pesquisas, leituras e consultas em fontes diversas, surgiram verbetes e mesmo interconexões com ramificações da filosofia. No trabalho, lembrei da frase do personagem de Shakespeare, Hamlet, de que “há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a vã filosofia”.
Na ânsia de milhares de empreendedores do século XXI para investigar o imenso potencial tecnológico da IA, a heurística, arte de fazer descobertas, é hoje um dos ramos da ciência largamente praticado.
Imperativo, assim, eu ter chegado a outro método milenar, a maiêutica de Sócrates, que consiste na multiplicação de perguntas, ou a arte de conduzir alguém a produzir o próprio conhecimento por meio de perguntas. Não é exatamente o que se faz hoje em todo o planeta com os aplicativos de IA?
Foi também o que fiz ao perguntar ao ChatGPT qual a relação entre IA e a maiêutica de Sócrates. A resposta veio em poucos segundos, com um tom que me soou um tanto mal-humorado: “A IA não possui uma relação direta com o método de Sócrates. A maiêutica é um método filosófico utilizado por Sócrates para estimular a reflexão e o autoconhecimento por meio de questionamentos”.
“A inteligência artificial, por sua vez, é um campo da ciência da computação que busca criar sistemas capazes de realizar tarefas que requerem inteligência humana. Embora ambos sejam tema de estudo e pesquisa, não há uma conexão intrínseca entre eles”.
Dezenas de livros recentes e centenas de textos diariamente buscam elucidar a força emergente dos poderes da IA. Investidores, desenvolvedores, executivos, pensadores, acadêmicos e autoridades estão focados nos novos domínios e tentam esboçar limites regulatórios.
A IA nos obrigará a repensar a inteligência humana, previu a CEO do think-tank New America Anne-Marie Slaughter. Sua previsão é que a nova tecnologia levará a humanidade a navegar num mundo baseado em padrões que ela não sabia que havia construído. Onipresente, a IA demandará muito mais guias, professores. consultores, mentores, navegadores e tutores.
Mentes luminares apostam que a inteligência artificial generativa anuncia uma revolução intelectual, um desafio filosófico e prático numa escala jamais experimentada desde o surgimento do Iluminismo.
A assertiva é feita no livro “A Era da IA e nosso futuro humano”, coautoria do ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, do ex-CEO do Google Eric Schmidt e do especialista em IA Daniel Huttenlocher, diretor do MIT Schwarzman College of Computing.
Os autores avaliam que a nova tecnologia transformará o processo cognitivo humano, num processo distinto do ocorrido em 1.455 na invenção da prensa de tipos móveis. A descoberta de Gutenberg tornou o pensamento humano abstrato comunicável e com celeridade. A IA inverte esse processo, ao alcançar a essência e a formulação do pensamento humano.
Esse é o desafio fundamental representando pela emergente IA, resumem os três pensadores e preveem a necessidade de desenvolvimento de novos conceitos cognitivos e de interação com as máquinas.
Sem qualquer pretensão de prever o futuro ou de chegar a uma conclusão filosófica, minha sugestão seria de investir em leituras sobre técnicas de aprendizagem de máquina (machine learning), nos ensinamentos da metafísica ontológica e em epistemologia, o estudo da origem e da aquisição do conhecimento (o humano e o artificial).
Dois pontos:
- A IA vai transformar o processo cognitivo humano.
- As transformações da IA obrigarão a repensara a inteligência humana.